Entenda as tarifas recíprocas de Trump.
O que são essas tarifas recíprocas de Trump e quais os principais motivos e consequências dessa decisão.
Tarifas americanas, guerra comercial, e seu dinheiro no meio
Nesses últimos meses um dos assuntos que têm sido bastante falado é sobre a decisão de Donald Trump, atual presidente dos Estados Unidos, em colocar tarifas sobre produtos importados de outros países, ou as tarifas recíprocas. Você pode até não enxergar, mas isso tem potencial de impactar diretamente o seu bolso e nossa realidade atual.
Acontecimentos políticos dessa magnitude dificilmente vão resultar apenas em um único efeito, visto que a economia global opera de maneira interligada e complexa. Cada grande decisão, nesse caso sobre economia política e geopolítica, pode reverberar em múltiplos setores e países, gerando um efeito dominó, incluindo no Brasil.
O que são essas tarifas?
Nesses últimos meses Trump optou por colocar tarifas sobre produtos importados, de forma que as tarifas sejam recíprocas ao que os outros países já estão colocando sobre produtos americanos, mas antes é necessário entender melhor quais são as motivações e quais os resultados que o governo americano esperam através dessas tarifas.
Motivação do governo americano por trás dessa decisão.
O ato de se colocar uma tarifa tão relevante para a grande maioria dos países ao redor do mundo não é algo que surgiu do dia para a noite. Isso tudo é um plano que Trump vem preparando a um certo tempo. Aqui o objetivo não é julgar se o que fizeram foi ou não a melhor escolha, e sim, explicar o que está acontecendo.
Uma decisão da magnitude tem diversos pontos de estudo e análises antes de decidirem o que vão fazer, ao qual se eu falasse cada um no detalhe a carta teria um tamanho absurdo, mas aqui irei trazer os pontos mais relevantes que o governo dos Estados Unidos observou para impor essas tarifas:
Restabelecer reciprocidade de demais países junto ao EUA.
Quando falamos em “restabelecer a reciprocidade”, queremos dizer nivelar o campo de jogo, no caso, impor a mesma pressão tarifária e regulatória sobre produtos importados que outros países já aplicam sobre os bens americanos.
Para dar alguns exemplos que como isso estava ocorendo na prática:
Imagine vender um carro de US$ 30.000:
Para vender nos EUA, um fabricante europeu paga por exemplo 2,5% de tarifa, ou seja, US$ 750.
Para vender o mesmo produto na União Europeia, um fabricante americano paga 10%, ou seja, US$ 3.000
Nesse exemplo simbólico significa que, no mercado americano, os carros europeus entram com um custo quatro vezes menor do que o custo que as montadoras dos EUA enfrentam para competir lá fora.
Reduzir o déficit comercial.
O desempenho que os Estados Unidos têm tido em sua balança comercial, que já não é boa há algum tempo. Para quem não está habituado, balança comercial nada mais é do que o saldo de um país entre o que ele consegue vender para outros países, e o que ele compra do exterior, sendo que se um país consegue vender mais do que comprar, ele terá um superávit em sua balança, do contrário ele terá um déficit, que é o caso dos EUA.
No gráfico abaixo vemos que as importações já superam as exportações nos EUA tem um certo tempo. E isso significa uma balança comercial ruim já a vários anos.
Nesse próximo gráfico vemos o desempenho da balança comercial em si, com um tempo amostral de 10 anos, ou seja de abril/2015 até abril/2025, e tem por objetivo mostrar como está o desempenho dessa tal balança comercial dos EUA, repare que não têm números positivos.
Esse tópico é relevante porque mostra que os EUA já algum tempo vem enviando mais dinheiro para fora do que recebendo de volta, resultando em um aumento da dívida externa. Além disso, um déficit comercial também significa que a longo prazo o país sofrerá uma perda de competitividade e tempos difíceis para empregos internos.
Proteger a indústria americana.
A situação é que se um país tem déficit comercial, principalmente países que estão com isso a diversos anos consecutivos, significa que pode ter uma perda da competitividade e tempos bem complicados para empregos internos.
Mas em como as tarifas recíprocas ajudam nesse ponto? Simples. Essas tarifas “nivelam o jogo”, no caso, os preços. Ou seja, preços as importações aumentam, e a quantidade desses produtos caem, pois agora seus preços estão maiores.
Toda essa lógica, é mais complexa e com um modelo muito mais elaborado.Mas isso tudo é a mesma coisa que dizer que bens americanos serão mais consumidos do que aqueles que são produzidos fora dos EUA, que agora por conta das tarifas estão mais caros.
O Liberation Day e suas consequências.
Agora que entendemos quais foram as principais lógicas que o governo observou para implementar essa tarifas recíprocas. Vamos entender melhor o que esse dia significou para o mundo.
Do dia 2 de Abril de 2025 e nas próximas duas semanas seguintes, os mercados globais sofreram uma intensa volatildiade, ou seja, os preços oscilaram de forma rápida e intensa. E isso se deu por conta que as pessoas não sabiam ao certo o quanto esse evendo poderia impactar no mundo, as pessoas estavam com uma disposição ao risco muito baixo. Abaixo é uma foto de como estava a S&P 500, no dia 7 de Abril de 2025:
Impacto no Iphone.
Eletrônicos foram um dos setores mais afetados. Analistas estimaram na época que, se a Apple repassasse integralmente a sobretaxa de 54% sobre suas linhas produzidas na China, o preço de um iPhone 16 Pro Max poderia saltar dos atuais US $ 1.099 para até US $ 2.300 nos EUA — alta de quase 109%. Fazendo apenas a conversão direta para o Brasil, seria R$ 13.010,18.
Isso que retratei no Iphone, assim como pode acontecer em diferentes produtos que consumimos no dia a dia, acontece quando as empresas repassam alguns eventos no preço de seus produtos. Então no exemplo da Apple, ao qual sua maior linha de montagem de Iphone é na China, os preços do Iphone poderia ter embutido essas tarifas.
Esse é um ponto de atenção como brasileiros, não somente ao Iphone, mas qualquer outro produto, como brinquedos, vestuário e acessórios seguem padrão semelhante.
Mas ao longo do tempo esse efeito de medo nos preços e de queda nos mercados globais como um todo foi diminuindo, Trump foi tomando algumas medidas que acalmaram os investidores ao redor do mundo, como por exemplo adiar essas tarifas em 90 dias.
Guerra comercial: China x EUA.
Desde abril de 2025, os Estados Unidos elevaram a tarifa média sobre produtos chineses para 145%, enquanto a China respondeu com alíquotas de até 125% sobre importações americanas. A guerra comercial nessa situação diz a respeito a tensões comerciais que se iniciou com essas tarifas sobre importação.
Após Trump anunciar esse evento, aumento as tarifas para China em: 104% para 125%. Os chineses responderam aumentando tarifas de produtos americanos em 84%, e logo após Trump aumenta novamente as taxas para 145%.
Essa escalada do conflito comercial significa quanto para a economia mundial?
O comércio de mercadorias entre as duas potências econômicas somou cerca de US$ 585 bilhões no ano passado. Os EUA importaram consideravelmente mais da China (US$ 440 bilhões) do que os chineses importaram dos americanos (US$ 145 bilhões).
Mas diante de toda essa situação o Brasil é afetado através de preços, incertezas sobre os mercados, chance de recessão global, mas também temos oportunidades boas de exportação, principalmente para esses países que estão em guerra comercial um com o outro.